Getty
Maior contratação do semestre, Guerrero era dúvida e acabou sendo o destaque do Mundial
Guerrero marcou o gol que coloca o Corinthians no topo do mundo.
O Corinthians foi muito mal tecnicamente na semifinal do Mundial Interclubes e não contou com a inspiração de Paulinho e Emerson na decisão contra o Chelsea.

Por que venceu? Porque teve Cássio em noite inspirada, sim. Pelo menos quatro defesas importantes. Mas a força ofensiva do Chelsea já era conhecida.

Porque teve em Guerrero a referência na frente e o artilheiro que faltaram em outros momentos, mesmo com vitórias e titulos. Dois gols que valeram a taça.

Porque teve Danilo, essencial pela experiência e a rara inteligência tática. Incansável pela esquerda, cobriu Fabio Santos quando foi preciso e apareceu na frente no chute que encontrou Guerrero na área adversária.

Porque teve o apoio de uma torcida enorme e fanática que cruzou o mundo para emular um Pacaembu e aquecer o inverno japonês. E a entrega dos jogadores foi proporcional ao apoio. Comovente.

Mas a equipe de Tite superou todos os problemas e volta ao Brasil com a taça principalmente porque possui artigo raríssimo em um país que insiste em valorizar apenas o talento: organização tática.

Na decisão, o Chelsea imaginou que só jogaria com a bola. Por isso a escalação de Lampard ao lado de Ramires à frente da defesa. Engano de Benítez. Assim como a opção por Moses, deixando no banco Oscar, mais talentoso e entrosado com Hazard, Mata e Torres.

O Corinthians se planejou para defender. Por isso Jorge Henrique e Danilo pelos lados alinhados a Paulinho à frente de Ralf e Emerson voltando com um dos volantes. A última linha defensiva, como sempre, quase perfeita no posicionamento. Laterais marcando como defensores.

Mas também se preparou para atacar, com Paulinho, mesmo longe da produção natural, aparecendo na frente, como no lance do gol, e Emerson se juntando a Guerrero. Mesmo com a fantástica atuação de Cássio, o Corinthians não sofreu tanto quanto o São Paulo em 2005 e Internacional no ano seguinte. Na jogada do gol, cinco jogadores se aproximaram da meta de Cech.

Porque o time de Tite marca e joga. Com responsabilidade e inteligência tática. Chicão lá de trás inicia a construção das jogadas. Emerson e Guerrero combatem na frente. Como exige o futebol moderno.

Que o triunfo corintiano em Yokohama inicie, enfim, uma nova era tática do futebol brasileiro. Já passou da hora.

Olho Tático
O Corinthians organizado para se defender e atacar com J.Henrique e Danilo pelos lados, Emerson e Paulinho se juntando a Guerrero.
O Corinthians organizado para se defender e atacar com J.Henrique e Danilo pelos lados, Emerson e Paulinho se juntando a Guerrero.