Jornalismo F. C.
por Mauro Beting em 28.set.2012 às 16:28h
Você está lendo este texto provavelmente
por que, como eu, ama mais o seu clube que o futebol. Também escrevo há
seis anos nesta página por causa desse amor. Há 22 anos sou jornalista
esportivo por conta da minha paixão pelo clube que antecede qualquer
outro amor. Não chego a ser como um conhecido que diz “torcer pela
família dele e amar o Atlético Mineiro”. Mas a minha paixão clubística é
a primeira lembrança de amor depois dos meus pais.
Para não dizer antes.
Para não dizer antes.
Pelo meu amor já fiz texto para um vídeo
motivacional que foi apresentado aos atletas antes de um jogo
importante – e o time venceu. Por três vezes apresentei o banquete de
aniversário do clube. Apresentei as duas festas de conquistas do último
título. Fiz texto para ingresso de jogo comemorativo e para painel na
porta do estádio. Colunas especiais para o site do clube. Alguns outros
textos lidos por presidentes da instituição. Frase escrita na chuteira
dos atletas em jogos decisivos. Roteiro para vídeo que celebrou essa
conquista. Apoiei movimentos democráticos que ajudaram a associação a
sair da lama e da lesma. Faço consultoria de livros históricos.
Prefácios. Tudo de graça. Por não poder cobrar meu clube como
jornalista. Por não ter como botar preço numa paixão impagável.
Meu pai também fez várias ações
parecidas. Frase no vestiário. Narrações e apresentações de eventos e
apoio às mudanças históricas e necessárias. Também escrevi livros da
história do clube, de ídolos, de craques, de jogos. Estou roteirizando e
dirigindo trilogia de filmes oficiais do clube. Por eles ganho
dinheiro. Mas venço a vida por torcer pela minha paixão eterna. Minha
vida é meu clube.
Perdão pelo caráter pessoal do texto.
Mas futebol é a mais pessoal das atividades coletivas do torcedor. Nada é
mais individual e singular e ao mesmo tempo plural que amar um clube. E
por ele fazer tudo. Ou quase tudo. Inclusive falar e escrever bem dos
rivais. Entender e sacar como eles são. Apurar, informar e formar
opinião a respeito deles. Como acabei de fazer um roteiro de um vídeo
oficial comemorativo do Corinthians campeão da Libertadores. Como
escrevi vários prefácios de livros do maior rival. Como escrevi vários
textos históricos e livros dos rivais do meu time.
Assumir a torcida não é fácil. Mas é
muito menos complicado não distorcer pelo seu time. Se um centroavante,
um treinador e um árbitro não torcem quando trabalham, é muito fácil não
torcer pelo meu time no ar ou no papel ou no éter ou na internet. Até
por ter quase certeza que muitos dos centroavantes do meu time nos
últimos anos não torciam por ele…
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