sábado, 29 de setembro de 2012

Mauro Beting outro comentarista sério e imparcial é destes profissionais que necessitamos em nossa televisão, um belo texto . Leiam e opinem!

Jornalismo F. C.

por Mauro Beting em 28.set.2012 às 16:28h
Você está lendo este texto provavelmente por que, como eu, ama mais o seu clube que o futebol. Também escrevo há seis anos nesta página por causa desse amor. Há 22 anos sou jornalista esportivo por conta da minha paixão pelo clube que antecede qualquer outro amor. Não chego a ser como um conhecido que diz “torcer pela família dele e amar o Atlético Mineiro”. Mas a minha paixão clubística é a primeira lembrança de amor depois dos meus pais.
Para não dizer antes.
Pelo meu amor já fiz texto para um vídeo motivacional que foi apresentado aos atletas antes de um jogo importante – e o time venceu. Por três vezes apresentei o banquete de aniversário do clube. Apresentei as duas festas de conquistas do último título. Fiz texto para ingresso de jogo comemorativo e para painel na porta do estádio. Colunas especiais para o site do clube. Alguns outros textos lidos por presidentes da instituição. Frase escrita na chuteira dos atletas em jogos decisivos. Roteiro para vídeo que celebrou essa conquista. Apoiei movimentos democráticos que ajudaram a associação a sair da lama e da lesma. Faço consultoria de livros históricos. Prefácios. Tudo de graça. Por não poder cobrar meu clube como jornalista. Por não ter como botar preço numa paixão impagável.
Meu pai também fez várias ações parecidas. Frase no vestiário. Narrações e apresentações de eventos e apoio às mudanças históricas e necessárias. Também escrevi livros da história do clube, de ídolos, de craques, de jogos. Estou roteirizando e dirigindo trilogia de filmes oficiais do clube. Por eles ganho dinheiro. Mas venço a vida por torcer pela minha paixão eterna. Minha vida é meu clube.
Perdão pelo caráter pessoal do texto. Mas futebol é a mais pessoal das atividades coletivas do torcedor. Nada é mais individual e singular e ao mesmo tempo plural que amar um clube. E por ele fazer tudo. Ou quase tudo. Inclusive falar e escrever bem dos rivais. Entender e sacar como eles são. Apurar, informar e formar opinião a respeito deles. Como acabei de fazer um roteiro de um vídeo oficial comemorativo do Corinthians campeão da Libertadores. Como escrevi vários prefácios de livros do maior rival. Como escrevi vários textos históricos e livros dos rivais do meu time.
Assumir a torcida não é fácil. Mas é muito menos complicado não distorcer pelo seu time. Se um centroavante, um treinador e um árbitro não torcem quando trabalham, é muito fácil não torcer pelo meu time no ar ou no papel ou no éter ou na internet. Até por ter quase certeza que muitos dos centroavantes do meu time nos últimos anos não torciam por ele…

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